Santa Brígida

Santa Brígida de Suécia: suas visões impressionaram profundamente
Santa Brígida da Suécia: suas visões impressionaram profundamente
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs













Visões

e

Revelações











Visões de anti-papas e de cismas no Ocidente



Santa Brígida e o juízo de Deus a cinco homens simbólicos:
desde o mau papa até o bom católico

Dados hagiográficos sobre Santa Brígida da Suécia e suas visões


Brígida Birgersdotter (1303-1373), ou Santa Brígida da Suécia, foi filha de um governador casado com a filha de outro governador. Santa Brígida, portanto, pertencia à nobreza, classe alta de seu país.

Quando tinha sete anos teve uma visão de Nossa Senhora e quando tinha dez sonhou com Jesus coberto de sangue. Desde esse momento foi grande devota da Paixão de Nosso Senhor.

Casou quando tinha 14 anos e viveu felizmente com seu esposo durante 28 anos. Por fim, os dois decidiram se dedicar à vida consagrada.

Brígida foi chamada à Corte na qualidade de dama de companhia da rainha. Ali aplicou todos os seus esforços para endireitar o casal real débil e viciado. O casal ouvia seus conselhos, mas voltava a cair nos mesmos defeitos.

Sua vida foi marcada por visões, milagres, romarias e um grande trabalho de apostolado com os pobres e os incrédulos.

Ela foi difamada e perseguida por causa de seus sonhos e visões.
O Cardeal Juan de Torquemada declarou isentas de erro as visões da Santa
O Cardeal Juan de Torquemada declarou
isentas de erro as visões da Santa

Santa Brígida fundou a Ordem do Santíssimo Coração que dirigiu até morrer em 1373, quanto tinha 70 anos, em Roma, Itália.

Suas visões impressionaram profundamente a época em que viveu.

Eram tão populares que foram debatidas em três Concílios: os de Constança, Basileia e o Quinto de Latrão.

O livro de suas revelações foi publicado pela primeira vez em 1492, por ordem do Concílio de Basileia.

Esse Concilio dispôs que o religioso espanhol Juan de Torquemada O.P. (1388 – 1468), examinasse o livro das revelações da santa.

O sábio e reputado religioso dominicano, que mais tarde foi elevado à púrpura cardinalícia, emitiu um parecer sobre as visões e revelações.

Nele declara não conterem nenhum erro contra as Escrituras ou contra os bons costumes, nem mesmo nada que possa ferir os ouvidos pios.

Também as visões de Santa Brígida foram incluídas em julgamento do Papa Bento XIV, famoso pela sua doutrina sobre os processos de canonização.

Bento XIV escreveu a propósito um prudente conselho válido para todas as revelações e visões privadas:

“Embora muitas dessas revelações tenham sido aprovadas, não se lhes deve assentimento de fé divina; o crédito que merecem é puramente humano, sujeito ao juízo da prudência, que é a virtude que deve nos ditar o grau de probabilidade que merecem para crermos piamente nelas.”

Santa Brígida da Suécia foi canonizada no Concilio de Constança pelo anti-papa Juan XXIII em pleno Cisma de Ocidente.

Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida,
Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Torquemada
Dita canonização, pelas condições conturbadas em que foi pronunciada, poderia ser contestável.

Então os reis da Suécia pediram uma canonização incontestável.

Essa aconteceu em 1419 com uma confirmação do Papa Martinho V, Sumo Pontífice inconteste de toda a Cristandade.

Nesse Papa tinham se reunido as partes (papas e antipapas) em disputa se extinguido o Grande Cisma do Ocidente e reinando pacificamente, ele e seus sucessores, em Roma, durante todos os séculos seguintes.

No ano 2000, Santa Brígida foi proclamada Padroeira da Europa.

Na visão da Santa que reproduzimos a continuação, nos baseamos na edição prefaciada pelo Cardeal Juan de Torquemada e reimpressa no ano 1671 (Sebastiani Rauch, Baviera).

Ela conta também com um estudo introdutório a respeito de visões de Mons. Consalvo Duranto, bispo de Montefeltro, e numerosas aprovações eclesiásticas.

Reproduzimos também fotograficamente a folha de rosto do livro.

A tradução é do site www.rainhamaria.com.br, que conferimos com a edição em latim prefaciada pelo Cardeal Juan de Torquemada [aliás, tio do Cardeal Tomás de Torquemada (1420 — 1498), conhecido como o Grande Inquisidor].


LIVRO 1 - CAPÍTULO 41


Triunfo de Cristo sobre o paganismo, Gustave Doré (1832 — 1883), The Joey and Tobey Tanenbaum Collection
Triunfo final de Cristo. Gustave Doré (1832 — 1883),
The Joey and Tobey Tanenbaum Collection
“Eu sou o Criador de todas as coisas. Nasci do Pai antes que existisse Lúcifer. Existo inseparavelmente no Pai e o Pai em mim e há um Espírito em ambos.

“Por conseguinte, há um Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e não três Deuses. Eu sou Aquele que fiz a promessa da herança eterna a Abraão e conduzi meu povo para fora do Egito através de Moisés.

“Eu sou o que falei através dos Profetas.

“O Pai me colocou no ventre da Virgem sem se separar de mim, permanecendo comigo inseparavelmente para que a humanidade, que abandonou Deus, possa retornar a Deus através do meu amor.

“Agora, entretanto, em vossa presença, Corte Celeste, apesar de que vedes e sabeis tudo de mim, pelo bem do conhecimento e a instrução desta desposada minha que não pode perceber o espiritual se não por meio do físico,

Eu declaro meu pesar ante vós em relação aos cinco homens aqui presentes, por serem eles ofensivos para mim de muitas maneiras.

“Da mesma forma que Eu, em uma ocasião, incluí todo o povo israelita no nome de Israel, na Lei, agora mediante estes cinco homens, me refiro a todos no mundo.

“O primeiro homem representa o líder da Igreja e seus sacerdotes; o segundo, os leigos corruptos; o terceiro, os judeus, o quarto os pagãos e o quinto, meus amigos.

“E o que diz respeito a ti, judeu, tenho feito uma exceção com todos os judeus que são cristãos em segredo e que me servem em caridade sincera, conforme a fé e em seus trabalhos perfeitos em segredo.

“Em relação a você, pagão, tenho feito uma exceção com todos aqueles que com gosto caminhariam pelas sendas de meus mandamentos se tão somente soubessem como e se fossem instruídos, os que tratam de pôr em prática tudo o que podem e do que são capazes.

“Estes, não serão, de nenhuma maneira, sentenciados convosco”.




O julgamento do mau papa, dos maus clérigos e laicos católicos, dos judeus e dos pagãos


Santa Brígida da Suécia, igreja de Bollnäs-Rengsjö, Suécia, c.1500
prossegue a visão:

“Agora declaro meu desgosto para contigo, cabeça de minha Igreja, tu que te sentas em minha cátedra.

“Concedi este cargo a Pedro e a seus sucessores para que se sentassem com uma tripla dignidade e autoridade:

“primeiro, para que pudessem ter o poder de ligar e desligar as almas do pecado;

“segundo, para que pudessem abrir o Céu aos penitentes;

“terceiro, para que fechassem o Céu aos condenados e àqueles que me desprezam.

“Mas tu, que deverias estar absolvendo almas e me as oferecendo, és realmente um assassino das minhas almas.

“Designei Pedro como pastor e servo de minhas ovelhas, mas tu as dispersas e as feres, és pior que Lúcifer.

“Ele tinha inveja de mim e não perseguiu para matar ninguém mais que a mim, de forma que pudesse governar em meu lugar.

“Mas tu és o pior, porque não só me matas ao apartar-me de ti por teu mau trabalho senão que, também, matas as almas devido ao teu mau exemplo.

“Eu redimi almas com meu sangue e te as recomendei como a um amigo fiel.

“Mas tu as devolves ao inimigo do quais eu as resgatei, és mais injusto que Pilatos.

“Ele tão somente me condenou à morte.

“Mas tu não somente me condenas como se Eu fosse um pobre homem indigno, como também condenas as almas de meus eleitos e deixas livres os culpados.

“Mereces menos misericórdia que Judas.

Crucificação e Juízo Final, Jan van Eyck  (1390 — 1441). Metropolitan Museum of Art, NYC.
Crucificação e Juízo Final, Jan van Eyck  (1390 — 1441).
Metropolitan Museum of Art, NYC.
“Ele tão somente me vendeu, mas tu, não só me vendes como também vendes as almas de meus eleitos com base em teu próprio proveito e vã reputação.

“Tu és mais abominável que os judeus.

“Eles tão somente crucificaram meu corpo, mas tu crucificaste e castigaste as almas de meus eleitos para quem tua maldade e transgressão são mais afiadas que uma espada.

“Assim, posto que és como Lúcifer, mais injusto que Pilatos, menos digno de misericórdia que Judas e mais abominável que os judeus, meu aborrecimento contigo está justificado“.

O Senhor disse ao segundo homem, ou seja, o que representa os leigos:

“Eu criei todas as coisas para teu uso. Tu me deste teu consentimento e Eu a ti. Prometeste-me tua fé e me juraste que me servirias.

“Agora, entretanto, te separaste de mim como alguém que não conhece a Deus.

Referes-te às minhas palavras como mentiras e a meus trabalhos como carentes de sentido.

Dizes que minha vontade e meus mandamentos são muito duros. Tens violado a fé que me prometeste.

“Destruíste teu juramento e abandonaste meu Nome.

“Tens te afastado a ti mesmo da companhia de meus Santos e te integraste na companhia dos demônios fazendo-te sócio deles.

Tu não crês que ninguém mereça louvor e honra a não ser tu mesmo.

“Consideras difícil tudo o que tem a ver comigo e o que estás obrigado a fazer por mim, enquanto que as coisas que gostas de fazer são fáceis para ti.

“É por isso que meu aborrecimento contigo está justificado, porque quebraste a fé que me prometeste no batismo e depois dele.

Detalhe do Triptico do Juízo Final,
Hans Memling (1430 - 1494).
“Além disso, me acusas de mentir sobre o amor que te mostrei por palavra e através de fatos. Disseste que eu era um louco por sofrer”.

Ao terceiro homem, ou seja, o representante dos judeus, digo-te:

“Eu comecei meu amoroso idílio contigo.

“Eu te elegi como meu povo, libertei-te da escravidão, dei-te minha Lei e conduzi-te até a Terra que havia prometido a teus pais e te enviei profetas que te consolaram.

“Depois, elegi uma Virgem dentre vós e tomei dela, a natureza humana.

“Meu desgosto contigo é que ainda recusas crer em mim dizendo: “Cristo não veio, mas, ainda virá”.

O Senhor disse ao quarto homem, ou seja, aos pagãos:

“Eu te criei e o te redimi para que fosses cristão. Fiz para ti todo o bem.

“Mas tu és como alguém que está fora de seus sentidos, porque não sabes o que fazes. És como um cego, porque não sabes para onde vais.

“Adoras as criaturas em lugar do Criador, a falsidade em lugar da verdade. Ajoelhas diante das coisas que são inferiores a ti. Esta é a causa do meu desgosto em relação a ti”.

Ao quinto homem, disse:

“Aproxima-te mais, amigo!”

E se dirigiu diretamente à Corte Celestial:

“Queridos amigos, este amigo meu representa meus muitos amigos. Ele é como um homem cercado por corruptos e mantido em um duro cativeiro.

“Quando diz a verdade, atiram pedras em sua boca.

“Quando faz algo bom, cravam uma lança em seu peito.

“Ai! Meus amigos e santos!

“Como posso suportar essas pessoas e quanto tempo suportarei semelhante desprezo?




A condenação eterna do mau papa e dos maus; e prêmio aos católicos fiéis


Santa Brígida viu a condenação eterna do mau papa, dos maus clérigos e leigos católicos, do judeu e do pagão e o prêmio divino e sem fim aos católicos fiéis
Santa Brígida viu a condenação eterna do mau papa, dos maus clérigos e leigos católicos,
do judeu e do pagão e o prêmio divino e sem fim aos católicos fiéis

prossegue a visão:


“São João Batista respondeu:

“És como um espelho imaculado. Vemos e sabemos todas as coisas em ti como em um espelho, sem necessidade de palavras.

“És a doçura incomparável na qual saboreamos todo o bem. É como a mais afiada das espadas e um Justo Juiz”.

O Senhor lhe respondeu:

“Amigo meu, o que disse é certo. Meus eleitos veem toda a bondade e justiça em mim.

“Os espíritos diabólicos ainda o fazem, mesmo que não na luz, mas em sua própria consciência.

“Como um homem na prisão, que aprendeu as letras e ainda as conhece quando as encontra na escuridão e não as vê; os demônios, apesar de não verem minha justiça à luz da caridade, ainda assim, conhecem e veem em sua consciência.

“Eu sou como uma espada que corta em dois. Eu dou a cada pessoa o que merece”.

Então, o Senhor acrescentou, falando ao Bem-Aventurado Pedro:

“Tu és o fundador da fé e da minha Igreja. Enquanto meu exército escuta, declara a sentença desses cinco homens!”

Pedro respondeu:

Mau papa, maus eclesiásticos e leigos terão condenação eterna segundo Santa Brígida da Suécia
Mau papa, maus eclesiásticos e leigos terão condenação eterna
segundo Santa Brígida da Suécia
“Glória e honra a Ti, Senhor, pelo amor que tens demonstrado à Terra! Que toda tua Corte te bendiga, porque tu nos fazes ver e saber em Ti tudo o que é e o que será! Vemos e sabemos tudo em Ti.

“É verdadeiramente justo que o primeiro homem, o que se senta em tua cátedra e realiza os feitos de Lúcifer, vergonhosamente deva renunciar a esse lugar no qual presumiu sentar-se e compartilhe o castigo de Lúcifer.

“A sentença do segundo homem é que aquele que abandonou a fé deve descer ao inferno com a cabeça para baixo e os pés para cima, por ter desprezado a Ti, que deveria ser sua cabeça e por ter amado a si mesmo.

“A sentença do terceiro é que não verá teu rosto e será condenado por sua perversidade e avareza, posto que os que não creem não merecem contemplar a tua visão.

“A sentença do quarto é que deveria ser encerrado e confinado na escuridão como um homem fora de seus sentidos.

“A sentença do quinto é que deverá receber ajuda”.

Quando o Senhor ouviu isto, respondeu: “Prometo por Deus, o Pai, cuja voz ouviu João Batista no Jordão, que farei justiça a esses cinco”.

Depois, o Senhor continuou e dizendo ao primeiro dos cinco homens, o papa:

“A espada de minha severidade atravessará teu corpo, entrando desde o alto de sua cabeça e penetrando tão profundo e firmemente que nunca poderá ser retirada.

“Tua cadeira se afundará como uma pedra pesada e não parará até que alcance a parte mais baixa das profundezas.

“Teus dedos, ou seja, teus conselheiros arderão em um fogo sulfuroso e inextinguível.


Epístola do Cardeal Juan de Torquemada
declara isentas de erro as visões da Santa
“Teus braços, ou seja, teus vigários, que deveriam ter conseguido o benefício das almas, mas que em seu lugar conseguiram proveitos mundanos e honras, serão sentenciados ao castigo de que fala Davi:

‘Que seus filhos fiquem órfãos e sua mulher viúva, que os estranhos arrebatem sua propriedade’.

“Que significa ‘sua mulher’ senão a alma que foi separada da glória do Céu e que ficará viúva de Deus? ‘Seus filhos’, ou seja, as virtudes que aparentaram possuir e minha gente simples, aqueles que se submeteram, serão separados deles.

“Sua classe e propriedade cairão nas mãos de outros e eles herdarão a eterna vergonha em lugar de sua posição privilegiada.

Suas mitras afundarão no barro do inferno e eles mesmos nunca se levantarão dali. 

“Por isso, a honra e o orgulho que alcançaram sobre outros aqui na terra os afundarão no inferno tão profundamente, mais que os demais e será impossível levantar-se.

“Suas extremidades, ou seja, todos os sacerdotes aduladores que os assessoram, serão separados deles e ilhados, como uma parede que se derruba, na qual não ficará pedra sobre pedra e o cimento já não irá aderir às pedras.

A misericórdia nunca lhes chegará, porque meu amor nunca lhes aquecerá nem lhes recolocará na eterna Mansão Celestial.

“Em seu lugar, despojados de todo bem, serão eternamente atormentados junto aos seus líderes.

“Ao segundo homem, Eu lhe digo:

“Dado que tu não queres manter-te na fé que me prometeste nem manifestar amor para comigo, te enviarei um animal que procederá da torrente impetuosa para devorar-te.

“E, como uma torrente que sempre corre para baixo, o animal te levará às partes mais baixas do inferno.

“Tão impossível como é para ti viajar corrente acima contra uma torrente impetuosa, igualmente será difícil para ti subir do inferno.

“Ao terceiro homem, eu digo: ‘Já que tu, judeu, não queres crer que

“Eu já vim, quando eu voltar para o segundo juízo, não me verás em minha glória senão em tua consciência e comprovarás que tudo o que lhe disse era verdade. Então, te será aplicado o castigo como mereces’.

“Ao quarto homem, digo:

“Como tu não te ocupaste de crer nem quiseste saber, tua própria escuridão será tua luz e teu coração será iluminado para que compreendas que meus juízos são verdadeiros, mas, entretanto, tu não alcançarás a luz”.

Santa Brígida da Suécia. Miniatura em breviário de 1476 contendo o Oficio Divino típico de sua Ordem
Santa Brígida da Suécia. Miniatura em breviário de 1476
contendo o Oficio Divino típico de sua Ordem
Ao quinto homem, lhe digo:

“Farei três coisas por ti.

Primeiro, te encherei internamente com o fogo de meu amor.

“Segundo, farei com que tua boca seja mais forte e mais firme que qualquer pedra, de modo que as pedras que te sejam arremessadas voltem a quem as atirou.

“Terceiro, te armarei com minhas armas, de forma que, nenhuma lança te ferirá senão que tudo cederá diante de ti como a cera frente ao fogo. 

“Portanto, permaneça forte e resista como um homem!

“Como um soldado que, na guerra, espera a ajuda de seu Senhor e luta enquanto tiver fluido de vida, assim também tu mantenhas-te firme e luta!

“O Senhor, teu Deus, aquele a quem ninguém pode resistir, te ajudará. E, como sois poucos em número, vos honrarei e vos converterei em muitos.

“Vejam, amigos meus, vejam estas coisas e as reconheçam em Mim e, por isso, mantenham-se diante Mim”.

“As palavras que agora pronunciei se cumprirão.

“Aqueles homens nunca entrarão em meu Reino enquanto eu for o Rei, a menos que emendem seus caminhos.

“Porque o Céu não será senão para aqueles que se humilham e fazem penitência.

“Então, toda a Corte respondeu: ‘Glória a Ti, Senhor Deus, que não tens princípio nem fim’!”

Fim da Visão do Livro I, capítulo 41.





Infiltração na Igreja atrai a ira de Deus.
Nossa Senhora obtém a restauração da Igreja Militante


Santa Brígida de Suécia
Santa Brígida de Suécia
Santa Brígida (também “Brigita”) da Suécia (1303-1373) foi mãe de oito filhos. Após ficar viúva, tornou-se religiosa e fundou a Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como Ordem das Brigidinas.

Ela promoveu a reforma da Igreja que começava a dar sinais de decadência com o fim da Idade Média.

Foi também grande mística, favorecida com visões e revelações relativas à Igreja.

Na nossa época, atingida por males derivados daquela mesma decadência da Igreja, os escritos místicos da Santa atraem especialmente o interesse dos católicos perplexos pela crise religiosa e eclesiástica universal.

Santa Brígida é co-padroeira da Europa.

A seguir publicamos o capítulo 5 do primeiro de seus livros que onde Nosso Senhor lhe apresenta a natureza e a proveniência da crise da Igreja.

Nosso Senhor fustiga os perniciosos erros que com hipócrita manipulação da misericórdia justificam a prática constante do pecado.

Os inimigos infiltrados na Igreja em nome dessa hipocrisia perseguem e ferem ferozmente os bons.

Essa falsa pregação acompanhada de uma perseguição sorrateira ao bem, em verdade, atrai a cólera divina.

Mas Nossa Senhora obtém a verdadeira misericórdia para os bons e Deus decide reedificar a Igreja Militante, premiando aos bons e fazendo sentir o rigor de sua justiça para os maus e hipócritas impenitentes.

A concordância desta visão com os anúncios do Segredo de La Salette salta aos olhos e dispensa comentários.

Os subtítulos são nossos.


Livro 1 - Capítulo 5


Nosso Senhor lhe apresenta uma nobre fortaleza que simboliza a Igreja Militante infiltrada pelos seus inimigos. Mas, lhe mostra que essa Igreja merecedora da punição da justiça será reconstruída em virtude das orações da gloriosa Virgem e dos Santos.



A cidadela da Igreja corrompida pelos inimigos


Santa Brígida de Suécia
Santa Brígida de Suécia
Eu sou o Criador de todas as coisas. Sou o Rei da gloria e o Senhor dos anjos.

Construí para Mim uma nobre fortaleza e tenho colocado nela os meus eleitos.

Meus inimigos têm corrompido seus fundamentos e tem dominado meus amigos amarrando-os ao pelourinho a ponto de fazem sair a medula dos ossos de seus pés. Suas bocas são apedrejadas e são torturados pela fome e a sede.

Assim, os inimigos perseguem o seu Senhor. Meus amigos estão agora gemendo e suplicando ajuda; a justiça pede vingança, mas a misericórdia invoca o perdão.

A Corte celeste vota pela execução da terrível justiça divina

Então, Deus disse à Corte Celestial ali presente:

– “O que pensais dessas pessoas que têm assaltado minha fortaleza?”.

Eles, a uma voz responderam:

– “Senhor, toda a justiça está em Ti e em Ti vemos todas as coisas. A Ti foi dado todo juízo, Filho de Deus, que existes sem princípio nem fim, Tu és seu Juiz”.

E Ele disse:

– “Como todos sabeis e vedes em Mim, pelo bem da Minha Esposa, decidam qual é a sentença justa”.

Eles disseram:

– “Isto é justiça: Que aqueles que derrubaram os muros sejam castigados como ladrões; que aqueles que persistem no mal, sejam castigados como invasores, que os cativos sejam libertados e os famintos saciados”.

Nossa Senhora pede misericórdia

Então Maria, a Mãe de Deus que a princípio havia permanecido em silencio, disse:

– “Meu Senhor e Filho querido, tu estiveste em meu ventre como verdadeiro Deus e homem. Tu te dignaste a santificar-me a mim que era um vaso de argila. Eu te suplico, tem misericórdia deles uma vez mais!”

O Senhor respondeu a sua Mãe:

– “Bendita seja a palavra de tua boca! Como um suave perfume sobe até Deus. Tu és a glória e a Rainha dos anjos e de todos os santos, porque Deus foi consolado por ti e a todos os santos deleitas. E porque tua vontade tem sido a Minha desde o começo de tua juventude, uma vez mais cumprirei o teu desejo”.

Deus promete a restauração da Igreja Militante

Então Ele disse à Corte Celestial:

– “Porque haveis lutado valentemente, pelo bem da vossa caridade, terei piedade por ora.

“Vede, reedificarei meu muro pelos vossos rogos.

“Salvarei e curarei os oprimidos pela força e os honrarei cem vezes pelo abuso que sofreram.

“Se os que fazem violência pedem misericórdia, terão paz e misericórdia. Aqueles que a desprezam, sentirão Minha justiça”.






Misericórdia farisaica no perseguidor dos bons.
Deus usará justiça com os ruins e misericórdia com os bons



Significado da visão

Então Ele disse à sua esposa [Santa Brígida]:

– “Esposa minha, te escolhi e te revesti com Meu Espírito. Tu escutas Minhas palavras e as dos meus santos. Embora os santos vejam da mesma forma todas as coisas em mim, já que são espíritos, Eu agora vou também mostrar-te o que todas essas coisas significam.

“Afinal, tu que ainda estás no corpo, não me podes ver da mesma forma que eles, que são meus espíritos. Agora te mostrarei o que significam estas coisas.


Uma falsa pregação da misericórdia sugere que Deus é injusto

“A fortaleza da qual tenho te falado é a Santa Igreja, que construí com meu próprio sangue e o dos santos. Eu mesmo a cimentei com minha caridade e depois coloquei nela meus eleitos e amigos.

“Seu fundamento é a fé, ou seja, a crença em que Sou um Juiz justo e misericordioso.

“Este fundamento tem sido agora deturpado porque todos creem e pregam que sou misericordioso, mas quase ninguém crê que Eu seja um Juiz justo. Consideram-me um juiz iníquo.

“De fato, um juiz seria iníquo, se, à margem da misericórdia, deixasse os maus sem castigo de forma que pudessem continuar oprimindo os justos.

“Eu, porém sou um Juiz justo e misericordioso e não deixarei que o mínimo pecado fique sem castigo nem que o menor bem fique sem recompensa.


Os inimigos infiltrados perseguem os bons e blasfemam contra Deus

“Pelos buracos perfurados no muro, entram na Santa Igreja pessoas que pecam sem medo, que negam que Eu seja justo e atormentam meus amigos como se os cravassem em estacas.

“A estes meus amigos não se dá alegria nem consolo. Pelo contrário, são castigados e injuriados como se fossem demônios. Quando dizem a verdade sobre mim, são silenciados e acusados de mentir.

“Eles anseiam com paixão ouvir ou falar a verdade, mas não há ninguém que os escute nem quem lhes diga a verdade.

“Além disso, Eu, Deus Criador, estou sendo blasfemado. As pessoas dizem: ‘Não sabemos se Deus existe. E, se existe, não nos importa’.

“Jogam no chão minha bandeira e a pisoteiam dizendo: ‘Porque sofreu? Em que nos beneficia? Se cumpre nossos desejos estaremos satisfeitos, que mantenha Ele seu reino em seu Céu!’

“Quando quero entrar neles, dizem: ‘Antes morrermos que submeter nossa vontade!’

“Dá-te conta, esposa minha, que tipo de gente é! Eu os criei e posso destruí-los com uma palavra! Que soberbos são para comigo!


Com os falsos católicos será feita justiça e os fiéis conhecerão a divina misericórdia

“Graças aos rogos de minha Mãe e de todos os santos, permaneço misericordioso e tão paciente que estou desejando enviar-lhes palavras da minha boca e oferecer-lhes misericórdia. Se a quiserem aceitar, terei compaixão.

“Do contrário, conhecerão minha justiça e, como ladrões, serão publicamente envergonhados diante dos anjos e dos homens e condenados cada um deles.

“Como os criminosos são colocados nas forcas e devorados pelos corvos, assim eles serão devorados pelos demônios, mas não serão consumidos.

“Como as pessoas amarradas em cepos não podem descansar, eles padecerão dor e amargura em todas as partes.

“Um rio de fogo entrará por suas bocas, mas seus estômagos não serão saciados e sua sede e suplício se reavivarão a cada dia.

“Porém, meus amigos estarão a salvo, e serão consolados pelas palavras que saem de minha boca.

“Eles verão minha justiça junto de minha misericórdia. Revesti-los-ei com as armas do meu amor, que os tornarão tão fortes que os adversários da fé escorrerão diante deles como o barro; quando virem minha justiça, cairão em vergonha perpétua por haverem abusado de minha paciência”.





Visões sobre a Cavalaria



Visões e revelações sobre a Cavalaria


Santa Brígida da Suécia profetizou sobre a Cavalaria, Haaken Gulleson c 1500
Santa Brígida da Suécia profetizou sobre a Cavalaria,
Haaken Gulleson c 1500
Autorizados documentos históricos mostram que Nosso Senhor fez revelações a Santa Brígida (1303–1373) destinadas não apenas para uma ou algumas das suas ordens, mas para a Cavalaria em geral.

Lemos nas revelações, quanto à origem da ordem de Santa Brígida, que Jesus Cristo lhe fez conhecer quanto lhe eram agradáveis os votos daqueles que sob o nome de cavaleiros, se engajavam para dar a sua própria vida para defenderem e manterem, pela força das armas, os interesses da Igreja e da Religião Católica.

(Pierre Hélyot, “História das Ordens Monásticas Religiosas e Militares”, ed. Nicolas Gosselin, Paris, 1715, vol. IV, cap. VI).

Portanto, a finalidade dos cavaleiros reunidos em Ordens não era só defenderem e manterem, mas promoverem “pela força das armas, os interesses da Igreja e da Religião Católica”.

Quer dizer, não tinham apenas uma posição estática, mas uma posição dinâmica, portanto agressiva.

Mas o Salvador queixou-se também à Santa que entre esses mesmos cavaleiros havia os que se afastaram dEle.

Os que desprezavam as suas palavras, faziam pouco caso dos males que Ele havia suportado na Paixão.

E aqueles que conduzidos pelo espírito de soberba amavam mais morrer na guerra com a única ideia de obter a glória e atrair para si a estima dos homens, que viver na obediência dos seus mandamentos.

Das Visões de Santa Brígida:
Santa Brígida da Suécia foi reverenciada por suas visões
Santa Brígida da Suécia é reverenciada por suas visões

“Durante um tempo, a classe do laicato foi bem organizada. Alguns homens cultivavam o solo (...). Outros transportavam mercadorias (...). Outros eram especialistas e artesãos. (...) os defensores de minha Igreja hoje são chamados de cavaleiros.

“Eles pegaram em armas como vingadores da Santa Igreja para lutar contra seus inimigos”.

“os cavaleiros devem obter seu título como resultado do mérito e usar seu traje de cavaleiro como resultado de suas ações em defesa da Sagrada Fé”.

(Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida, Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Juan de Torquemada; Livro II, capítulo VII)


“Os cavaleiros que costumavam empunhar minhas armas estavam prontos para entregar suas vidas pela justiça e derramar seu sangue pelo bem da sagrada fé, trazendo justiça aos necessitados, derrubando e humilhando os agentes do mal.

“Mas vejam como eles foram corrompidos! Agora, eles preferem morrer em batalha pela glória, ambição e inveja induzidos pelo demônio em vez de viver de acordo com meus mandamentos e obter gozo eterno.

“Justas recompensas serão distribuídas durante o julgamento para todas as pessoas que morrem em tal disposição, e suas almas serão ligadas ao demônio para sempre.

“Porém, os cavaleiros que me servem receberão sua retribuição nos Céus para sempre.”.

(Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida, Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Juan de Torquemada; Livro II, capítulo VII)
Um indivíduo pode ser herói por uma grande razão: por amor de Deus.

Porém, o defeito da Cavalaria provém de uma das maiores formas da burrice humana: sacrificar a vida por vaidade ou faceirice. 

Porque não se compreende o que pode compensar a perda da própria existência.

Do que é que adianta morrer achando que os outros elogiam que eu sou um colosso e nem ouço suas palmas porque morri!

Do que adiantou fazer bonito! É literalmente incompreensível! Viola todas as regras da lógica.

Pareceria fácil encontrar heróis por amor de Deus, de Nossa Senhora, da Fé ou da Vida Eterna.

E pareceria impossível conseguir heróis por uma razão terrena e estúpida.

Mas a verdade é o contrário. O homem está tão degradado pelo pecado original, que em certas épocas da História entrando numa ordem religiosa, o difícil é manter o verdadeiro motivo para ser herói.

Esta manifestação da imbecilidade humana foi muito crua no tempo da decadência das Ordens de Cavalaria.

Entretanto, Jesus Cristo declarou à Santa que se eles quisessem retornar a Ele, estava pronto a recebê-los e, ao mesmo tempo, Ele prescreveria a maneira que Lhe seria mais agradável e as cerimônias que se deveriam observar quando eles se engajassem em Seu serviço.

Ve-se aí o amor de Nosso Senhor às Ordens de Cavalaria, o perdão e o convite para restaurá-las.

Ordem da cerimônia de ingresso na Ordem: o Cavaleiro deveria ir com o seu cavalo até o cemitério da Igreja no momento em que ele assumia a condição de cavaleiro.

Lá, tendo apeado e deixado o seu cavalo, devia tomar o seu manto cuja ligadura deveria se por sob a fronte para marca da milícia e da obediência à qual ele se engajava para a defesa da Cruz.

O estandarte do Príncipe devia ser levado diante dele para indicar que ele deve obedecer as potências da Terra em todas as coisas que não são contrárias às de Deus.

Tendo entrado no cemitério, o clero devia ir diante dele com a Bandeira da Igreja sobre a qual estivesse pintada a Paixão de Nosso Senhor, a fim de que ele aprendesse que devia tomar a defesa da Igreja e da Fé e devia obedecer os seus superiores.

Entrando na Igreja, o estandarte do Príncipe devia permanecer na porta, só devendo entrar a Bandeira da Igreja para mostrar que o poder divino excede o secular e que os cavaleiros devem se preocupar muito mais com as coisas espirituais do que com as temporais.

Ele devia ouvir a missa e receber a comunhão.

Glorificação da Virgem (Maestro der Verherrlichung Mariae), Colônia, na ex-igreja de Santa Briígida, Wallraf-Richartz-Museum
Glorificação da Virgem (Maestro der Verherrlichung Mariae), Colônia,
da ex-igreja de Santa Brígida, Wallraf-Richartz-Museum
O Rei, ou aquele que o representasse, aproximando-se do altar, devia colocar uma espada na mão do cavaleiro, dizendo-lhe que lhe dava a espada a fim de que não poupasse a sua vida pela Fé e pela Igreja, para destruir os inimigos de Deus e proteger os seus amigos.

Dando-lhe o escudo devia dizer-lhe: “Que este era para se defender contra os inimigos de Deus, para dar socorro às viúvas e aos órfãos e para aumentar a honra e a glória de Deus.

Em seguida, colocando-lhe a mão no pescoço devia dizer-lhe que ele estava submetido ao jugo da obediência.

Na Idade Média havia uma preocupação extrema de marcar a prioridade da Igreja sobre o Estado.

Estávamos na era bem-aventurada em que a Igreja, afirmando-se uma Instituição de Direito Público, se afirmava superior ao Estado.

E afirmava o Papa como o mais alto dignitário de toda a Terra, Vigário de Jesus Cristo e superior ao Imperador e a todos os Reis.

Então a cerimônia está perfeitamente indicada.




Entrada no Céu do cavaleiro que deu a vida pela Igreja


Santa Brígida da Suécia, San Marco, Florença
Santa Brígida da Suécia, San Marco, Florença
Era muito frequente na Europa, os cemitérios ficarem ao lado das Igrejas para indicar a proximidade da morte e a resignação com ela.

Ali se dava a primeira cena da cerimônia que começamos a narrar no post anterior (Visões de Santa Brígida e o fundo religioso da Cavalaria) em que o pretendente a cavaleiro se aproximava dos celebrantes precedido pela bandeira de seu Príncipe. 

Mas quando aparecia a bandeira da Igreja, representando a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, o cavaleiro deixava o serviço do Estado e colocava-se ao serviço da Igreja como religioso sujeito aos três votos: de pobreza, de castidade e de obediência.

Então, a bandeira do Príncipe ficava na porta da Igreja por ser inferior, mas um representante do Príncipe dava a espada, para provar que o Rei aprovava aquela cerimônia.

Havia um íntimo conúbio entre a monarquia e a religião.

Vê-se também em outros lugares das mesmas revelações a fórmula dos votos de profissão dos cavaleiros, que deve ser concebida nestes termos:

“Eu, enferma criatura que não suporto os meus males senão com dificuldade, que só amo a minha própria vontade e cuja mão só tem vigor quando é preciso bater,

“prometo obedecer a Deus e a vós que sois o meu superior, obrigando-me, com juramento, de fazer bem às viúvas e aos órfãos,

“de jamais fazer qualquer coisa contra a Igreja Católica e contra a Fé,

“e me submeto a reconhecer a correção, se é que venha a cometer qualquer falta,

“a fim de que a obediência à qual eu estou ligado me faça evitar o pecado e renunciar à minha própria vontade e que eu possa, com maior fervor, prender-me somente à obediência de Deus e à vossa”.

(Pierre Hélyot, “História das Ordens Monásticas Religiosas e Militares”, ed. Nicolas Gosselin, Paris).

Papa Clemente VII e emperador Carlos V, Jacopo Ligozzi (1547–1627), Museo degli affreschi Giovanni Battista Cavalcaselle, Verona
Papa Clemente VII e imperador Carlos V, Jacopo Ligozzi (1547–1627),
Museo degli affreschi Giovanni Battista Cavalcaselle, Verona
É uma fórmula linda com que o Cavaleiro aceita a obediência para renunciar à sua vontade própria que o inclina para o erro e para o mal.

Então o Cavaleiro não faz a vontade do superior, mas a de Deus que fala pelo superior. E ele tem a alegria durante a vida inteira de conhecer a vontade de Deus e segui-la.

De um lado cavaleiros ufanos e briosos; de outro lado, cordeiros da obediência, mostrando a justaposição das virtudes opostas no verdadeiro católico levadas até o extremo.

De um lado, varonis a ponto de serem os maiores guerreiros do mundo, de outro lado, humildes a ponto de renunciarem à vontade própria.

Montalambert escreveu que um árabe prisioneiro na Europa viu aquelas catedrais e perguntou: “Como é que podem construir catedrais tão altivas homens tão humildes?”

É que para ter a verdadeira altivez é preciso ser verdadeiramente humilde e para ser verdadeiramente humilde é preciso ser verdadeiramente altivo.

Aí está a alma, não do cavaleiro decadente, herói por razões humanas, mas está a alma do verdadeiro cavaleiro, segundo os anelos de Nosso Senhor quando se manifestou a Santa Brígida.

Das Visões de Santa Brígida:

Santa Brígida da Suécia inspirada por um anjo
Santa Brígida da Suécia inspirada por um anjo
“Uma voz muito clara foi então ouvida no Céu, dizendo: “Meu Senhor e Pai, este não é o homem que se dobrou à tua vontade e assim o fez com perfeição?” (...) . A herança de teu Pai é dada a ti, porque foste obediente a Ele.

“Então, querido filho, vinde a mim! Eu te receberei com honra e alegria”!

“A segunda voz era de natureza humana e disse: “Irmão, vinde a teu irmão! Eu me ofereci a ti em batalha e derramei meu sangue por ti.

“Tu, que obedeceste a minha vontade, vinde a mim! Tu, que pagaste sangue com sangue e estiveste preparado para oferecer morte por morte e vida por vida, vinde a mim!

“Tu, que me imitaste em tua vida, entra agora em minha vida e em minha alegria sem fim! Eu te reconheço como meu verdadeiro irmão”.

“A terceira voz era do Espírito (mas os três são um Deus, não três deuses), que disse: “Vinde meu cavaleiro, tu, cuja vida interior era tão atraente que eu desejei viver contigo!”

“Em tua conduta exterior foste tão viril que mereceste minha proteção. Entra, então, em repouso, em retribuição de todo o teu sofrimento físico!

“Em retribuição ao teu sofrimento mental, entre em uma indescritível consolação!

“Em retribuição de tua caridade e teu viril esforço, vinde a mim e viverei em ti e tu em mim!

“Vinde a mim, então, meu excelente cavaleiro, que nunca desejaste nada além de mim! Vinde e te encherás de santo prazer!”

(Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida, Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Juan de Torquemada; Livro II, capítulo XI)


“Depois disso, cinco vozes foram ouvidas de cada uma das legiões de anjos.

“A primeira voz falou: “Deixa-nos marchar à frente deste excelente cavaleiro e carregar suas armas, isto é, deixa-nos apresentar ao nosso Deus a fé que ele preservou inabalável e defendeu dos inimigos da justiça”.

“A segunda voz disse: “Permita-nos carregar seu escudo à frente dele, isto é, deixe-nos mostrar ao nosso Deus sua paciência que, embora ela seja conhecida por Deus, será ainda mais gloriosa por causa de nosso testemunho.

“Por sua paciência, ele não somente suportou adversidades pacientemente como também agradeceu a Deus por essas mesmas adversidades”.

“A terceira voz disse: “Vamos marchar à frente dele e apresentar sua espada a Deus, isto é, vamos mostrar-lhe obediência pela qual ele permaneceu obediente em ambos os tempos, difíceis e fáceis, conforme sua promessa”.

“A quarta voz disse: “Vinde e vamos mostrar a Deus seu cavalo, isto é, vamos oferecer o testemunho de sua humildade.

“Como um cavalo carrega o corpo de um homem, assim sua humildade o precedeu e o seguiu, levando-o à frente até a realização de seu trabalho.

“O orgulho não encontrou lugar nele, por isso é que cavalgou em segurança”.

“A quinta voz disse: “Vinde e vamos apresentar seu capacete a nosso Deus, isto é, deixe-nos testemunhar o sublime anseio que ele sentia por Deus!”

(Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida, Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Juan de Torquemada; Livro II, capítulo VII)




Cristo estimula as Ordens de Cavalaria


Santa Brígida da Suécia, Museu Histórico de Estocolmo
Santa Brígida da Suécia, Museu Histórico de Estocolmo
O exemplo histórico que comentaremos neste post foi tirado da “História das Ordens Monásticas Religiosas e Militares” (Pierre Hélyot, ed. Nicolas Gosselin, Paris, 1715, vol. IV, cap. VI, pág. 44).

Guilherme, Conde de Holanda, que ia ser coroado imperador em Aix-la-Chapelle (Aquisgrão), foi feito Cavaleiro em Colônia no ano 1248, porque era somente escudeiro, e as leis do Império determinavam que o Imperador só podia ser coroado se fosse cavaleiro.

Tendo sido celebrada a Missa pelo Cardeal Bieca (...) do título de São Jorge do Voile D’Or, o Rei da Boêmia, após o Evangelho, apresentou o Conde da Holanda a esse prelado dizendo-lhe:

“Nós apresentamos a Vossa Reverência esse escudeiro, suplicando muito humildemente vossa paternidade de receber sua profissão e os seus votos, a fim de que ele possa entrar em nossa sociedade militar”.

O Cardeal disse ao Conde:

“Segundo a etimologia da palavra cavaleiro, é preciso que aquele que quer combater seja de condição livre, generoso, dadivoso, corajoso e tenha muita destreza e grandeza de alma, a fim de não deixar se abater nas necessidades.

“Que seja de condição livre pelo seu nascimento, que faça se honrar pela sua liberalidade, que demonstre coragem quando comandar e que dê provas de sua destreza nas ocasiões.

“Mas, antes de pronunciar os votos de vossa profissão, escutai as Regras da Cavalaria.

“É preciso ouvir todos os dias a Santa Missa, expor vossa vida em defesa da Fé Católica, garantir da pilhagem a Igreja e os seus ministros, proteger as viúvas, os órfãos e evitar as guerras injustas, aceitar os duelos para libertar os inocentes, não se alienar aos bens do Império, viver diante de Deus e diante dos homens sem nenhuma falta.

“Essas são as Regras da Cavalaria e, se as observardes fielmente, obtereis muita honra nesta vida e gozareis da eterna bem-aventurança após a vossa morte.
“Após isso, o Cardeal tomou as mãos do Conde de Holanda e, tendo-as encerrado no Missal onde acabara de ler o Evangelho, perguntou-lhe se queria receber a Ordem de Cavalaria em nome do Senhor e fazer profissão dessa Ordem conforme a regra que ele acabava de explicar.

“O conde, tendo respondido que a queria receber, deu-lhe a sua profissão por escrito, que ele pronunciou nos seguintes termos:

“Eu Guilherme de Holanda, Príncipe da milícia, vassalo do santo Sacro Império, sendo livre faço juramento de guardar a Regra da Cavalaria, em presença do senhor Cardeal Diácono do título de São Jorge Voile D’or e legado da Santa Sé, por estes Santos Evangelhos que toco com a mão”.
Santa Brígida da Suécia
Santa Brígida da Suécia
“O Rei da Boêmia, então, deu-lhe um grande golpe sobre o pescoço dizendo:

“Lembrai-vos, em honra do Todo Poderoso, que eu vos faço Cavaleiro e vos recebo com alegria em nossa sociedade

“e lembrai-vos também que Jesus Cristo recebeu uma bofetada, que dEle se riam diante do Pontífice Anás, que foi revestido de uma túnica de louco e que sofreu zombarias diante do Rei Herodes, que foi exposto nu numa Cruz.

“Eu vos peço de ter sempre no pensamento os opróbrios dAquele do qual vos aconselho trazer sempre a Cruz.

“Após a missa ter chegado ao fim, saíram da Igreja ao som de trombetas, símbolos e fanfarras.

“O Conde fez um desafio a lança com o filho do Rei da Boêmia e o perseguiu-o com a espada na mão, como para começar a cumprir as funções da Ordem da qual acabava de ser honrado”.


Eis as cerimônias na Alemanha para a recepção de um Cavaleiro desde o ano de 1238.

Uma grande mística como Santa Brígida se ocupou especialmente dessa instituição.

Revelações importantíssimas foram feitas por Nosso Senhor por amor à Instituição da Cavalaria.

Uma ideia adocicada falsa da religião ocultou que a Instituição da Cavalaria foi de tal maneira amada por Nosso Senhor.

A religião “água com açúcar” se empenha em eliminar todos os aspectos da combatividade da Igreja, e prepara o católico moleirão, imbecilizado, que corresponde ao que censurava o profeta Oséias,

“11. Efraim é como uma pomba ingênua, sem inteligência; apelam para o Egito, vá à Assíria...” (Oséias, 7-11)

Das Visões de Santa Brígida:

“o demônio ataca meu povo, isto é, os cavaleiros, que devem ser meu povo. Em verdade te digo que, se os cavaleiros tivessem mantido o acordo e regras estabelecidas pelo meu primeiro amigo, eles estariam entre os meus mais queridos amigos. (...)

os cavaleiros foram especialmente amados por mim dentre todas as ordens, já que  prometeram derramar por mim o que eles consideram mais estimado: seu próprio sangue. Por esse voto eles se fizeram os mais amados por mim”.

“meus cavaleiros, meu povo, estão construindo moradias para o demônio e trabalhando incessantemente, porque eles não conseguem obter o que desejam e porque se preocupam com bens sem sentido, embora o fruto de sua ansiedade não seja uma benção mas ao contrario, a recompensa da vergonha”.

(Livro das Visões e Revelações de Santa Brígida, Baviera, 1671, com carta introdutória do Cardeal Juan de Torquemada; Livro II, capítulo X))
Isto prova bem como as vistas de Nosso Senhor são diferentes e se pode atribuir um caráter fundamentalmente religioso ao entusiasmo pela Cavalaria.

Amar e admirar a Cavalaria é uma virtude conforme ao Sagrado Coração de Jesus.

As revelações de Santa Brígida nos autorizam a dizer: “Oh! Sagrado Coração de Jesus, que amais a Cavalaria, fazei nosso coração semelhante ao Vosso”.

Nós vemos como é bonita a organização medieval porque a Cavalaria é considerada uma ordem tão elevada que o Imperador do Sacro Império Alemão não podia ficar Imperador se não é antes cavaleiro.

Podia ser nobre, importante, rico, mas antes de receber a Ordem da Cavalaria, ele não poderia se tornar Imperador.

Clemente VII corona Carlos V de Hasburgo, Basilica de San Petronio, Bologna, Museo Ingres Bourdelle, Gaspar de Crayer (1584 – 1669)
Clemente VII corona Carlos V de Hasburgo, Basilica de San Petronio, Bologna,
Museo Ingres Bourdelle, Gaspar de Crayer (1584 – 1669)
Vejam o mistério das coisas: Conde de Holanda soa melhor do que Rei de Holanda; não é melhor ser um grande conde do que um pequeno rei!

Há senso das proporções na Idade Média.

O Conde de Holanda eleito para Imperador do Sacro Império vai se prostrar diante de um Cardeal para ser recebido Cavaleiro.

O nome do título do Cardeal é de São Jorge Au voile d’Or, é a quinta essência da delicadeza do véu e da refulgência do ouro.

O padrinho é nada mais, nada menos do que um Rei da Boêmia.

A Boêmia era antigamente a República Checa ou Tchéquia. 

Mas era uma Boêmia legendária, basta falar de seus cristais magníficos e coloridos vivos, sutis, às vezes profundos, vermelhos insondáveis, azuis delicadíssimos ou cor marinho, facetas que entram a fundo, taças magníficas, sólidas, ou então tão delgadas que a gente tem quase medo de pegar nelas.

É a Boêmia da fantasia, da arte, da graça. A Checoslováquia que veio depois foi uma criação da ONU, denominação cafajeste, burocrática de algo que tinha outro sentido.

A cerimônia se coloca num nível feérico.

O Rei da Boêmia pede ao Cardeal se dignar de receber o maior potentado da terra na Ordem de Cavalaria.

Ver os maiores poderes da Terra se prostrarem diante do Cardeal representante da Igreja dá bem-estar.

É a matéria que se prostra diante do espírito, é a força da política dos bens temporais, que se dobra diante da força dos bens espirituais.

Os senhores imaginam algum presidente da república dirigindo-se a algum cardeal e lhe dizendo que “muito humildemente vem pedir”?

Não, a dignidade republicana é incompatível com isto, mas a sacralidade monárquica não é incompatível com isto.

O Cardeal faz um grande elogio do Conde da Holanda que honra Jesus Cristo ter um Cavaleiro assim.

Isso que é categoria, consciência de sua missão, de sua força, e enumera todos os deveres e encargos.

O Rei da Boêmia, então, lhe dá aquele grande golpe no pescoço de que há um vestígio no pequeno tapa que o bispo dá no crismado.

Mas, dá-lhe militarmente um grande golpe, um safanão de rachar a quem não fosse o Conde de Holanda.

Se desenvolve então a pompa da Santa Missa. Depois é a hora do triunfo e o Cavaleiro que se humilhou e sai mais unido a Nosso Senhor na ordem da graça, reluzente de glória.

Ele entrou reluzente de glória terrena e sai reluzente de glória sobrenatural.

É o triunfo medieval que quase não existe mais nesta apagada, fria e caqui modernidade.

Em toda a Alemanha se propagava a notícia. De aldeia a aldeia tocavam os sinos, anunciando que o Imperador do Sacro Império tinha ficado cavaleiro e que em breves dias a Cristandade teria a cabeça temporal adornada com a coroa de Carlos Magno.

Esse triunfo do Conde de Holanda consagrado pela Ordem de Cavalaria é um pródromo da eleição dele no palácio do Römer, na cidade de Frankfurt, em cuja sacada aparecia o Imperador do Sacro Império depois de eleito.

Palácio do Roemer onde aparecia o imperador eleito, Frankfurt ©Luis Dufaur
Prédio do Römer onde aparecia o imperador eleito

Nesse momento, a cidade preparava tudo de antemão, os regozijos populares, as fontes emitiam leite, vinho, havia tonéis de mel à disposição do povo, grandes montes de trigo que o povo podia levar à vontade, bois inteiros começavam a assar e o povo a dançava danças populares com figuras, reverências, saltos, tão castas que não se tocavam nem sequer pelas mãos.

O Imperador, quando assomava com a coroa de Carlos Magno e cetro, com a mão de justiça, com o manto carregado pelos mais altos dignitários, um cortejo de reis, de príncipes e de duques atrás de si, jogava à multidão moedas de ouro, como dom do alegre advento ao trono.

Depois ele descia, montava a cavalo e devia provar que era bom cavaleiro dando uma volta a toda pela praça, e pular por cima de uma pirâmide de trigo ou aveia, ficando feio se as patas do cavalo tocassem nela.

Havia um banquete na imensa sala do Römer, com uma mesa para ele, outras para os sete Príncipes Eleitores que eram servidos por sua própria corte.

Eis a diferença entre a época de exílio atual e a época em que luzia o sol da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Comparem isso com a Igreja miserabilista, sem pompa, sem glória, sem alegria, sem nada daquilo que é o reflexo do Divino Espírito Santo. Causa ou não causa horror?

A ordem medieval é irmã da Igreja Católica Apostólica Romana, una, sagrada, verdadeira, viva e indestrutível. 

Entende-se que Jesus Cristo tenha estimulado estas instituições com visões e revelações específicas para Santa Brígida.


12 comentários:

  1. Gosto muito dos seus artigos! Como sempre brilhante! Grata, pela explanação destas belíssimas profecias dadas por Nosso Senhor Jesus Cristo a sua Esposa Santa Brígida da Suécia! Santa Brígida representa a Igreja Fiel, A Esposa sem mancha do Cordeiro de Deus! Santa Brígida da Suécia, rogai por nós!

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  2. Deus tende piedade e misericórdia dos teus filhos, pois nos trmpos atuais tem muitos lobos em pele de cordeiro iludindo e perdendo as almas, oferecem e prometem prosperidade terrena em teu nome é a ganância destas criaturas São tantas que seguem esses lobos voraz e renegam a tua grande obra se Salvação realizada por seu Primogênito,Nosso Senhor Jesus Cristo.

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  3. Tenho aprendido muito lendo o livro das professoras e revelações de Sta Brígida.É muito bom!!!

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  4. Juan de Torquemada era um "sábio e reputado religioso dominicano"? Faltou falar que Torquemada escreveu um guia para identificar judeus, para que os mesmos fossem levados ao tribunal da inquisição, acusados pelo grave "crime" de não serem católicos. Torquemada, o Grande Inquisidor, vamos dar o nome certo aos bois.

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    1. Juan de Torquemada O.P. (1388 – 1468) mencionado no artigo viveu quase um século antes do inquisidor Tomás de Torquemada O.P. (1420 — 1498).
      Na hora de pormos nomes aos bois, todos nós precisamos saber do que falamos para não mugir errado.

      Cfr.: Juan de Torquemada (cardeal) em Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_de_Torquemada_(cardeal)

      Tomás de Torquemada em Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Torquemada

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  5. Sobre o mau Papa: uma observação: Essa profecia de forma alguma se aplica contra, mas a favor do Papa Francisco, o Papa da Misericórdia. Vejamos e prestemos muito bem a atenção às palavras de santa Brígida. Segundo ela, Jesus disse, entre outras coisas: “O Pai me colocou no ventre da Virgem sem se separar de mim, permanecendo comigo inseparavelmente para que a humanidade, que abandonou Deus, possa retornar a Deus através do meu amor." Notem bem, a finalidade da Encarnação do Verbo é o retorno da humanidade á Deus através do Amor de Deus. Vejam bem a expressão usada por Jesus: ... " possa retornar a Deus através do meu amor." Há que se distinguir aqui duas coisas: uma delas é o Amor de Deus por nós; outra é o nosso amor por Deus. Suas duas coisas completamente diferentes. Jesus não está falando do nosso amor por Deus, mas do Amor de Deus por nós. Portanto, o foco dessa mensagem deve ser o Amor de Deus por nós. É verdade de fé divina e revelada que "Deus é Amor"(I Jo 4,8) - "Deus Cáritas est"(I Jo 4,8) e que é através do Amor d'Ele que voltaremos á Ele. Portanto, os Papas Francisco e Bento XVI ensinam que Deus é Amor e Misericórdia. Portanto, nenhum destes Papas são condenados por essa profecia. Passemos agora a considerar aquilo que nos Papas e nos Bispos e Padres causa desgosto à Deus, como dito nessa profecia: “Mas tu, que deverias estar absolvendo almas e me as oferecendo, és realmente um assassino das minhas almas. " Não absolver as almas é a causa de desgosto ao Coração de Jesus. Ora, isso quer dizer que não ser Misericordioso é dar-lhe muito desgosto. Nada provoca tanto a ira de Deus que negar Sua Misericórdia, que não ser Misericordioso. Ora, essa queixa de forma alguma cabe ao Papa Francisco, que não se cansa de ser e ensinar a Misericórdia, mas causam muito desgosto à Deus os que combatem contra o Papa da Misericórdia. Estão preparando seu caminho para o inferno. “Designei Pedro como pastor e servo de minhas ovelhas, mas tu as dispersas e as feres, és pior que Lúcifer." Dispersa por meio de um rigorismo legalista sem misericórdia. O Papa é e deve ser Pastor, por isso a necessidade da doutrina e pastoral da Misericórdia. E por brevidade encerramos por aqui. Portanto, prestem bem a atenção às palavras que mais focam o amor de Deus por nós que o nosso amor por Deus. O amor de Deus por nós é que é a fonte geradora do nosso amor por Ele. Sem esse foco no Amor de Deus seria cair no pelagianismo, que foca exatamente o inverso: o nosso amor por Deus como fonte do Amor d'Ele por nós. Ora, isso é absurdo, Deus nos amou primeiro, quando ainda éramos pecadores, diz São Paulo e São João em suas Epístolas.


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    1. Outra coisa: os cinco personagens são símbolos que se opõem à um idealismo falso e equivocado que se tem das pessoas ali catalogadas. Condena-se, por assim dizer, um Papa idealizado pela opinião pública geral, um Papa ao gosto de todos, que agrade a todos os maus. Utilizamos o termo "maus" no sentido daqueles que não praticam a virtude da "bondade", que julgam que tudo tem que ser "a ferro e fogo", que imaginam um Deus que não admite e nem suporta a menor imperfeição ou pecado diante de Si. Provavelmente a ideia de um Deus assim esteja carregada das qualidades atribuídas pelos pagãos à Odim. O terrível e implacável Odim, ai de quem o desgostasse, não sairia impune de sua presença. Portanto, imaginar um Papa à semelhança de Odim, implacável e que com a maior severidade condenasse tudo e todos, que não absolvesse a ninguém, mas que imputasse pecado à todos, esse Papa ideal é que a profecia está reprovando. Pelo contrário, o Papa da profecia tem que ser Bom e Misericordioso para não desgostar a Deus. Na época de Santa Brígida a severidade incondicional era o ideal da opinião pública geral, e a Misericórdia era coisa de covardes. Portanto, Jesus vai contra a opinião pública da época e reclama Misericórdia dos cristãos. Todos os cristãos devem ser Misericordiosos, do contrário não terão Misericórdia.

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    2. Ninguém é mais que Cristo. Cristo pregava a misericordia e a Conversão, não voltar a pecar.

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  6. Fico feliz por estes artigos,me renova a fé...

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  7. Maria Neuza
    que estes artigos nos ensinam a ser misericordioso ter obediência a Deus 5 de Maio 2020 01:51

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  8. Muito Obrigado, tudo de bom. Eu espero que muitos de nós sejamos o 5.

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  9. Foi com muito agrado que li o historial sobre a ORDEM DA CAVALARIA. apagada nesta época onde a mediocridade impera.
    Obrigada ,Professor pelo conhecimento que me proporciona.

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